quarta-feira, julho 26, 2006

A arte de calar...



O silêncio é um momento vivificante de graça,
em que a criatura se cala , mas o espírito fala.


Calar sobre sua própria pessoa, é humildade.

Calar sobre os defeitos dos outros, é caridade.
Calar quando a gente está sofrendo, é heroísmo
Calar diante do sofrimento alheio, é covardia
Calar diante da injustiça, é fraqueza


Calar quando o outro está falando, é delicadeza.
Calar quando o outro espera um palavra, é omissão.
Calar quando não há necessidade de falar, é prudência.
Calar quando Deus nos fala no coração, é silêncio.
Calar, diante do mistério que não entendemos, ainda, é sabedoria.

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Os perigosos julgamentos precipitados...



Marcial Salaverry

Por vezes, ao saber de determinado fato, ou mesmo ao ter conhecimento de alguma atitude tomada por alguém que seja pessoa conhecida, ou não, se julgamos errada, apressamo-nos em condená-la, e muitas vezes sem sequer dar-lhe o direito de se defender.

Achamos a atitude errada, e pronto. Está feito o julgamento. Afinal, o que ela fez é imperdoável (na nossa opinião). Não paramos para pensar o que poderia tê-la levado a tomar essa atitude.

Muitas vezes, à luz de novos fatos, descobrimos que fomos muito apressados em nosso julgamento, e que o bicho não era tão feio como estava sendo pintado, mas nem sempre reconhecemos nosso erro e, pior, nem sempre procuramos consertar o dano que nosso julgamento açodade possa ter causado. É meio desagradável o ter de "voltar atrás". Muita gente desconhece o que seja um pedido de desculpas.

Recebi um pensamento muito interessante, atribuído aos índios Navajos. Se alguém por acaso não sabe, os Navajos são componentes de uma nação indígena que habitava livremente o território da América do Norte, e que hoje estão confinados em uma pequena Reserva Indígena nos Estados Unidos... Mas, questões indígenas à parte, vejam que sábio pensamento:"SENHOR, NÃO ME DEIXE JULGAR UM HOMEM SEM QUE EU TENHA ANDANDO DURANTE DUAS LUAS COM SUAS SANDÁLIAS" - Prece de um índio NavajoQuanta sabedoria encerrada em poucas palavras. Que linda lição para muita gente que se apressa em condenar sem se aprofundar nos fatos, sem analisar direito a questão.

Com essas palavras, nosso irmão Navajo simplesmente sugere que nos ponhamos no lugar da pessoa que estamos julgando, e muitas vezes condenando. Assim, colocando-nos em seu lugar, poderemos julgar melhor, pois poderemos ver se agiríamos de maneira diferente.

Efetivamente, é muito fácil condenar. É muito fácil apontar-se para alguém, acusando-o disto ou daquilo. Mas observem... Ao apontar para alguém, condenando, outros três dedos apontam para seu peito...

Futuramente, antes de condenar alguém, vamos "usar suas sandálias". Vamos ponderar, e analisar bem qual seria nossa atitude com "suas sandálias" nos pés. Vamos ver como faríamos se fossemos nós os envolvidos nessa questão. É essa a melhor maneira para se julgar algo ou alguém.

Nunca se pode esquecer de que cada caso é um caso, e certas atitudes aparentemente inexplicáveis, tem sua razão de ser. Sempre será preciso buscar o que pode ter provocado certas reações.

Agora, se eventualmente fomos açodados e, mesmo sem calçar suas sandálias (talvez o número fosse muito pequeno) tivermos criticado, condenado, e por vezes insultado alguém, e posteriormente descobrirmos que a coisa não era bem assim, e esse alguém não merecia o que dissemos, será importante enfiar-se a violinha no saco, e um pedido de desculpas é indispensável. A humildade não ocupa lugar nenhum. E se erramos, o mínimo a fazer é isso, desculpar-se pela besteira cometida. Pode não consertar as coisas, mas sempre poderá amenizar os efeitos, desarmando possíveis reações.

O ideal é procurar viver, sempre mantendo um clima de harmonia com todos aqueles que estão ao seu redor. Se por acaso uma amizade é inconveniente, é melhor cortar logo os laços, do que permitir que um desgaste nas relações gere inimizades, e não devemos esquecer que não é conveniente deixar inimigos atrás de nós. Vamos procurar viver de forma a não tê-los, mas se eles surgirem, é melhor evitá-los, e mesmo ignorá-los, do que provocá-los.



quinta-feira, julho 20, 2006


Amigos,

Hoje me disseram ser o Dia do Amigo!

Seja esta data comercial ou não, formalidade casual

ou simples pretensão de ritual,

não importa...

A amizade é realidade

é uma forma ampla e livre de se amar.

Em sua espontaneidade manifesta-se perenemente

sem se importar com nenhuma convenção.

A amizade é por si sempre presente

independente de ocasião...

Saúdo a todos hoje,

como sempre faço e o farei,

na simplicidade de minha eterna afeição.

domingo, julho 16, 2006

Qual a copa que perdemos?


Irineu Deliberalli


Não sou daqueles que consideram o futebol como ópio do povo. Precisaríamos também considerar o Alfred Nobel um propagador deste “ópio” pois inventou a dinamite, e ao invés de abrir estradas e criar melhores condições de vida aos homens, passou a fazer parte de bombas que mataram milhões de seres humanos, em muitas delas jogadas através do invento de Alberto Santos Dumont, que deve também ter sido um “ópio”, pois no lugar de diminuir distâncias e aproximar pessoas, criou desgraças e aniquilação entre nós. O que tem dado esta sensação de ópio do povo é a maneira com que a mídia e, principalmente, as empresas patrocinadoras vendem como a idéia do futebol... ”é a pátria de chuteira” ... ”somos melhores que os argentinos” ... “somos os melhores do mundo” ... “é o país do futebol” ... É... é o país do futebol, mas só do futebol? São 180 milhões de futebolistas parindo a cada dia várias bolas, enterrando outras tantas; comendo bola, educando-se com uma bola, alimentando seus bebês com uma bola, tomando 1 drágea de bola ou 20 gotas de bola várias vezes ao dia, para passar suas dores físicas; indo a psiquiatras e psicólogos com suas bolas e, nos consultórios, fazem verdadeiros “rachas” com os doutores. E em suas igrejas e templos acendem suas velas de todas as cores para seus anjos, mestres ou santos para que suas bolas sejam abençoadas e “livradas de todo o mal”. Mas há algumas bolas más que são colocadas dentro de umas máquinas inventadas por Mister Colt e são atiradas em muitas pessoas. E, ultimamente, o hábito tem sido atirá-las em policiais nos dando uma total insegurança com relação à ordem pública, sem falar nas lindas bolas que são enroladas em papeizinhos para se fumar, ou outras e muitas bolas que se diluem e a transformamos em pós e a misturamos em líquidos para serem aplicados em nossos organismos, ou outras que numa linda carreirinha a sugamos pelas narinas e dá um “bolarato” incrível e saímos da sintonia da vida, entrando assim na “bola total”. É esta sensação de “bola total” que sinto comigo e em muitas pessoas com quem convivo. Nós estamos anestesiados. Não sei se a crença de que Deus é brasileiro é real, mas o Grande Pai deu uma enorme mãozinha a todos nós e nos fez perder esta copa, pois temos que arrumar nossa casa chamada Brasil. E se tivéssemos ganhado, de fato, a vitória serviria como um ópio para nossas consciências. Fatalmente esqueceríamos que temos que construir uma nação, uma identidade, uma consciência de patriotismo, pois ele infelizmente só se reflete em algumas chuteiras.

O discurso da separação amorosa



Flávio Gikovate


Um dos sentimentos mais comuns depois de uma separação amorosa é a enorme curiosidade em relação ao destino do outro. Mesmo o parceiro que tomou a iniciativa fará de tudo para saber como o abandonado está passando. Esse interesse raras vezes resulta de uma genuína solidariedade. Decorre, na maioria dos casos, de uma situação ambivalente que lembra o mecanismo da gangorra. Por um lado, ver o sofrimento de uma pessoa tão íntima nos deixa tristes; por outro, satisfaz a vaidade. Num certo sentido, é gratificante saber que o ex-companheiro vive mal longe de nós e teve prejuízos com a separação. Esse aspecto menos nobre da personalidade humana, infelizmente, costuma predominar. Se o outro está se recuperando com rapidez, se busca novas companhias, mostrando-se à vontade na condição de descasado, ficamos surpresos e deprimidos. Percebemos que não somos tão indispensáveis quanto pensávamos. Nosso orgulho, então, é atingido, pois precisamos nos sentir importantes, precisamos saber que nossa ausência provoca dor. Se o outro estiver feliz, duvidamos de nós mesmos e isso é desgastante. "Como é possível que alguém se ajeite na vida mais rapidamente do que eu?", indagamos, e a certeza de que semelhante absurdo aconteceu nos deixa tristes. Muitas pessoas confundem essa tristeza com amor. Será que ainda estamos apaixonados? Será que a separação foi precipitada? Pode até ser. Mas o ingrediente principal de nossas emoções é a vaidade, o orgulho ferido. Às vezes, procuramos disfarçar esse sentimento menos nobre, escondendo-o por trás de uma inesperada dor de amor. É uma forma de negar pensamentos que não gostaríamos de ter. Logicamente o processo é mais acentuado, pelo menos no início, quando não tomamos a iniciativa da separação. Nesse caso, a "sede de vingança" costuma ser explícita. Torcemos para que o outro só tenha relações afetivas desastrosas. Desejamos até mesmo sua ruína profissional. O objetivo dessa atitude é resgatar a auto-estima. O fato de tudo dar errado para o ex-parceiro será a prova definitiva da influência positiva que exercíamos em sua vida. Sua felicidade, ao contrário, nos diminuirá. É como se, a partir da separação, fosse necessário encontrar o culpado pelo fracasso do relacionamento. No entanto, esse mecanismo de comparação também é forte naqueles que decidiram se separar porque se apaixonaram por outra pessoa. Aí, entra em jogo outro tipo de vingança. Se alguém se sentiu, ao longo dos anos em comum, agredido, humilhado, rejeitado, agora é o momento de inverter a situação e sem nenhum esforço: apenas esperando que o destino faça justiça e o opressor se transforme em oprimido. Não adianta pensar que nunca teremos pensamentos tão mesquinhos. Todos nós, em certas circunstâncias, estamos sujeitos a emoções que consideramos negativas e indignas. Elas se misturam com as mais nobres e formam uma amálgama extremamente complexa. Amor, orgulho ferido, desejo de vingança... É difícil avaliar o peso de cada um desses ingredientes. Aliás, a diversificação de sentimentos também está presente durante a vida conjugal, quando um dos parceiros se recusa a agradar o outro apenas para não se sentir subjugado e diminuído. A rejeição sexual, por exemplo, pode ser vingada com a humilhação financeira ou vice-versa. Na hora do divórcio, todos esses processos se exacerbam. Eles geram a gangorra: quando a auto-estima de um sobe, desce a do outro. Não basta ser feliz; é preciso que o outro não o seja. A gangorra pode perdurar por vários anos e até mesmo pela vida toda.